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sábado, 4 de setembro de 2010

O caso "xixi"

Ainda na ressaca do Mundial Carlos Queiroz vê-se obrigado a enfrentar uma longa paragem por uma castigo que tem tanto de surreal como de absurdo, nunca um xixi causou tanto furor.

Antes de começar com a minha primeira crónica acerca do estado do Futebol nacional,
neste caso nomeadamente todo o sistema federativo, liderado por Gilberto Madail, queria deixar bem claro que o resultado de hoje frente ao Chipre, partida de qualificação para o Europeu que se irá realizar em 2012 na Polónia e Ucrânia,
em nada me influenciou para a redacção desta crónica.

Este post tem como principal objectivo fazer comparações entre vários casos e as maneiras como os processos foram conduzidos, a minha posição em todos os casos é como mero adepto que sem estar a par de leis simplesmente compara através de juízos de valor, a gravidade dos processos e as penas que lhe foram atribuídas.

Admito de qualquer das formas, que não morro de amores pelo nosso Seleccionador, ele até pode ser o melhor adjunto do Mundo, mesmo assim não o acho com qualificações para ser líder duma Selecção como a de Portugal.

Mas isto em nada pode pesar na criação da opinião acerca deste caso, na minha forma de ver as coisas, aquilo que estão a fazer com a pessoa por trás de cargo acaba por ser uma injustiça, só por não gostar do senhor, não posso pactuar com este tipo de comportamentos.
Acho triste que haja no Futebol Português e Mundial dois pesos e duas medidas, quando se trata de alguém muito querido tentamos abafar o caso, quando se trata duma persona non grata, arranja-se maneira de lhe fazer a cama, ou então vejamos.

Caso Queiroz, mandou um médico da ADoP, investigar o sexo da sua mãe num acto de revolta por parte da inflexibilidade dos senhores em aguardar meia hora, para que os jogadores pudessem acordar de forma tranquila, o que é perfeitamente normal e não alteraria em nada os testes anti-doping. Resultado, meio ano de Suspensão e toda uma confusão gerada a volta de um caso que nem devia ser caso. Por alegadamente ter criado um ambiente hostil aos médicos.

Caso Scolari, deu um soco em plena qualificação para o Euro 2008 ao jogador Sérvio Dragutinovic, justificou-se na altura que ele estava a tentar proteger o seu jogador Quaresma, (pois é que o Minino não seria capaz de se defender) o que o levou a cometer este acto irreflectido. Resultado, suspensão durante uns jogos.

Ambos (alegadamente) só tentaram zelar pelo bem da sua Selecção, um usou uma linguagem imprópria, o outro manchou a imagem dum país ao ser manchete por socar um jogador, um apanhou meio ano de castigo outro uns jogos, vale mesmo a pena comparar casos?

Caso Sá Pinto, em plena qualificação para o campeonato do Mundo de 1998, o jogador Sá Pinto, dirige-se ao Jamor local onde a selecção nacional estagiava e agride com um soco a seleccionar (na altura Artur Jorge). Foi provado que ele se dirigiu até ao estágio por ter sido convidado por elementos da equipa técnica, e só se deu este confronto após ter sido confrontado pelo Artur Jorge proibindo de entrar nas instalações e obrigando-o a retirar-se do espaço em redor. Terá sido uma cabala? Não sei, a verdade é que devido a este incidente o jogador ficou afastado dos relvados durante um ano por castigo.

Caso João Vieira Pinto, durante o Campeonato do Mundo de 2002, o jogador que então naquela altura jogava no Sporting Clube de Portugal, após uma entrada de cabeça perdida no jogo contra a Coreia do Sul (anfitriã) vê o cartão vermelho directo, e reage da pior forma agredindo com um soco no abdómen o Juiz da partida (Àngel Sanchez - Mexicano), apesar de já reincidente, pois já em 2000 no campeonato da Europa fez parte dos jogadores que protestaram de forma mais efusiva com o Árbitro assistente devido a um penalty cobrado pelo Zidane já no prolongamento que ditava o afastamento na meia-final por golo d'ouro (golden goal). Apanhou provavelmente o castigo mais brando que se poderia um dia imaginar, 6 meses de castigo.

Outra vez aqui notamos uma disparidade de critérios, enquanto na comparação entre técnicos nota-se que o carinho que toda a federação tinha pelo Mister poderá ter ajudado na sentença final, o estatuto de alvo que o actual seleccionador ocupa devido a má campanha no mundial tem sem dúvida influenciado todo este caso.

Já no caso dos dois jogadores, Sá Pinto sempre foi visto como um marginal do nosso futebol, um jogador que tanto tinha de maluco como de genial que terá levado a este castigo algo exagerado, e talvez até planeado. JVP que sempre foi visto como um dos três meninos lindos da geração d'ouro, teve um castigo ainda mais leve do que aquilo que merecia.

Este processo só demonstra a podridão que é o nosso futebol e esta federação, se existe uma cabeça polvo, não sei, mas que existe uma grande teia que controla tudo aí não tenho qualquer dúvida. Se isto fosse tratado com real critério ele teria sido despedido ou teriam entrado num acordo como se costuma fazer entre homens, e não fazendo-lhe a cama a boa maneira portuguesa com o fim de conseguir poupar uns trocos de indemnização, nem que para isso se tenha passar sobre a honra e dignidade de pessoas.

A meu ver depois disto tudo o (ainda) cabeça da equipa técnica não terá qualquer autoridade e condições para continuar neste seu projecto que visava a re-criação de toda uma estrutura de futebol de formação na Selecção com o objectivo de criar mais gerações d'ouro.

Se ninguém tiver a coragem de o demitir, ele que se faça homem e que abandone este barco que há muito que está órfão de um capitão e que mais-dia-menos-dia se irá afundar como o Titanic salvando-se só os ricos e as mulheres deixando para trás os pobres.

P.S.: Alguém que lembre ao Senhor Madail, que para se trabalhar em Auto-Piloto é preciso estar alguém presente para accionar esse modo. Se alguém o accionou então estamos muito mal porque esta rota só nos irá levar a desgraça e não a bom porto.

Pedro Tiago Toreiro